10 de novembro de 2011

CEB pede ilegalidade da greve dos funcionários que teve início no dia 3

A greve dos funcionários da Companhia Energética de Brasília (CEB) completa hoje uma semana. Aumentam os transtornos dos usuários com as quedas recorrentes de energia neste período chuvoso. Desde o último dia 3, os serviços de manutenção da rede elétrica do Distrito Federal seguem em ritmo de plantão, e a paralisação não tem previsão para terminar. Sem possibilidade de negociação, a companhia acionou os advogados da companhia para encerrar a paralisação. Ontem, a CEB pediu à Justiça a decretação de ilegalidade da paralisação. Representantes do sindicato se reúnem hoje, às 15h, com a Secretaria de Administração no Palácio do Buriti.

Conforme o Sindicato dos Urbanitários do Distrito Federal (STIU-DF), ontem a companhia acumulava cerca de 1,2 mil reclamações de clientes. Com a diminuição do número de atendimentos, apenas um sexto delas foi resolvido antes do fim do dia. Áreas como Asa Norte, Riacho Fundo, Setor O e Taguatinga passaram horas sem energia.

Parte da Asa Norte amanheceu sem luz na manhã de ontem, causando dor de cabeça e prejuízos aos moradores e ao comércio local. Nas quadras 700, a energia elétrica acabou por volta da 1h, e só retornou às 14h. Prejudicada, uma padaria da 714/715 Norte não tinha pães para os clientes pela manhã. “Quando eu cheguei para trabalhar, às 3h30, estava tudo escuro. Não pudemos ligar nenhum forno, porque é tudo elétrico”, contou o auxiliar de padeiro Wesley Costa. A padaria contabilizou um prejuízo de R$ 500, e teve de convocar os trabalhadores a retornar no período da tarde para recuperar o atraso na produção.

Wesley contou que passou a madrugada e parte da manhã cobrando explicações da CEB, mas o atendimento levou mais de 12 horas para chegar. Assim como ele, Marliene Guimarães, 48 anos, moradora do Riacho Fundo, passou horas tentando, sem sucesso, contato com a companhia. Devido a um curto-circuito causado pela instalação de uma linha telefônica, o fornecimento de energia foi interrompido por volta das 10h30 de segunda-feira. O problema foi resolvido somente depois das 12h de ontem. “Todo mundo ligou para a CEB, e eles diziam que não podiam resolver por conta da greve. Não pude medir minha pressão à noite, e a comida da geladeira estragou”, reclamou Marliene.

Um quarteirão do Pistão Sul, em Taguatinga, também ficou sem luz na tarde de ontem. Depois que um caminhão derrubou um poste no local, técnicos da CEB cortaram a energia para evitar acidentes. Porém, devido à greve, o conserto não pôde ser feito. As lojas ficaram sem luz desde as 13h, e até a noite de ontem o serviço ainda não havia sido restabelecido.

Atendimento
A analista de crédito Cleide Santos, 35 anos, moradora do Setor O, em Ceilândia, há cinco dias sofre com quedas constantes de eletricidade. Segundo ela, a luz retorna e cai desde sexta-feira, prejudicando a rotina da família. Eles contabilizam oito ligações para a CEB, mas ainda não foram atendidos. “A luz está falhando, e a geladeira não tem mais força. Tivemos de levar a comida para a casa da minha sogra, e também estamos tomando banho lá”, lamentou. O problema atingiu diversas casas na mesma rua, e vários vizinhos já pediram a presença de um técnico da companhia. “Eu fico indignado. Eles têm direito à greve, mas precisam cobrir emergências como essa”, apontou o marido de Cleide, o motorista Nelson da Silva, 42 anos.

O diretor do sindicato da categoria, Geová Pereira, nega que o atendimento da companhia tenha sido prejudicado pela greve. “É claro que tem um impacto. Mas está tudo dentro do patamar normal do período de chuva. Outro dia, tínhamos mais de 2 mil reclamações”, justificou. De 42 equipes, apenas 18 estão trabalhando nas ruas do DF.

Enquanto o sindicato exige aumento de 30% e abono salarial de R$ 7 mil, a companhia lida com uma dívida de R$ 877 milhões, agravada por um prejuízo mensal de R$ 14 milhões. Com as negociações paralisadas, os 940 funcionários da CEB devem manter a greve por tempo indeterminado. “Assim como não vamos recuperar a empresa em um ano, não podemos recuperar os salários imediatamente. Fizemos uma proposta realista, que não prejudica os investimentos que precisam ser feitos para melhorar o serviço”, argumentou Mauro Martinelli, diretor de Engenharia da CEB.


Impasse
Os funcionários da CEB avaliaram como injusta e rejeitaram a proposta aumento salarial de 7,29% a 30% feita pela companhia, no último dia 3. Os índices seriam, segundo a empresa, suficientes para repor a inflação e parte da defasagem dos rendimentos dos concursados aprovados no ano passado. Para o sindicato, somente um terço dos trabalhadores teria aumento real, com prejuízo para os técnicos que têm rendimentos menores.




Fonte: Correioweb


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