13 de junho de 2012

Arquiteta propõe uso de fibra de vidro em casas de favela

A solução para reduzir custo e tempo para a construção de casas em favelas no Rio pode vir da Índia, apontou na tarde desta quarta-feira (13) a arquiteta Alexandra Lichetnberg. Ela negocia com empresa do país asiático a adoção de placas pré-fabricadas de fibras de vidro em obras de habitação social.


Lichtenberg faz parte do projeto Rio Cidade Sustentável do Cebeds (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável) e planeja a reforma e construção de novas casas nas favelas do Chapéu-Mangueira e Babilônia, na zona sul do Rio. O uso da placas evita o gasto excessivo de material como concreto e cal, que têm forte impacto ambiental.

Segundo ela, para a construção de dez metros quadrados de parede em barracos das duas favelas são usados sete sacos de 50 kg de argamassa, dois de cimento, 880 kg de areia e 60 kg de cal.

"As pessoas constroem da maneira que podem e sabem. Acabam gastando mais material do que o necessário, comprometendo ainda assim a estrutura da construção", disse ela, durante painel sobre economia criativa verde no Humanidades 2012.

Para ela, o material pode facilitar a construção de casas em favelas. Por ser leve, as placas podem ser carregadas facilmente pela ladeiras das comunidades, inclusive por mulheres, disse a arquiteta. Além do gasto com cimentos, nas favelas ainda há a cobrança de R$10 para levar o peso até o local do obra, contou ela.

"Tira a dependência da população feminina que tem que prover habitação para família e não tem como fazer no sistema atual."

Lichtenberg apontou como vantagens a facilidade na montagem, por já virem com projeto definido. Isso, disse a arquiteta, compensa a falta de qualificação técnica nesses locais. Outro benefício é a rapidez na construção, que pode ser concluída em quatro dias.

"Hoje no Chapéu-Mangueira e Babilônia temos cem casas para serem demolidas por estarem sob risco. Mas pouco anda porque há demora na construção de unidades habitacionais. Imagina o benefício que um material como esse pode dar na agilidade de construção?", questionou.

A arquiteta disse que o uso do material foi inspirado nos barcos a vela, que enfrentam ambientes extremos sem comprometer sua estrutura. Ela está realizando uma pesquisa de mercado para a empresa indiana DMS para analisar a viabilidade do produto no Brasil.

"Pela minha experiência, há todas as possibilidades. Quando apresentei o projeto inicial para o governo de São Paulo, nos ofereceram isenção fiscal e demonstraram o maior interesse", disse ela.

Fonte: Folha de São Paulo

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