O Lago Paranoá já perdeu 7% de seu volume devido ao depósito de sedimentos e ao crescimento de vegetação típica do assoreamento. O processo de degradação está extremamente acelerado. Pesquisadores consideram astronômica a quantidade de sedimentos depositada ali. “Seriam milhares de anos em um ambiente natural para que chegássemos ao nível que temos agora no Lago Paranoá”, analisa Henrique Roig, professor do Instituto de Geociências da Universidade de Brasília (UnB). Além de sedimento, o lago é alvo da descarga clandestina de esgoto e, nos pontos onde a água ainda poderia ser conservada para despejo no lago, pessoas jogam detergente e sabão em pó.
A estimativa dos especialistas é que, no caso de uma chuva torrencial no Distrito Federal, a taxa de carreamento em dois dos braços de deságue da Bacia do Rio Paranoá – do Bananal, próximo à Ponte do Bragueto; e Riacho Fundo, próximo à Ponte das Garças – seja maior que um ano inteiro na região de deságue do Torto, que não tem atividade intensa da construção civil. “O processo de construção é o vilão da história toda”, afirma o pesquisador. O assoreamento no braço do Bananal teria uma aceleração elevada, principalmente, após o processo ocorrido no Setor Noroeste, de desmatamento e revolvimento da terra que, exposta, é levada pelas águas das chuvas ao braço do Bananal.
Da mesma forma, o processo de desenvolvimento de cidades como Águas Claras e Vicente Pires teria impactado gravemente o braço do Riacho Fundo. “Em todas as obras que estão dentro da área de contribuição do Lago Paranoá, as ações de controle de erosão são feitas depois que já aconteceu a pior parte dessas obras. O solo fica exposto e sem proteção e, quando começam as enxurradas, elas acabam carregando essa terra. Fica solto e disponível para que seja carregada até o lago que está logo abaixo”, detalha o pesquisador em hidrologia da Embrapa-Cerrados, Jorge Werneck, que é coordenador da câmara técnica do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Paranoá. Ele explica que é fácil perceber esse movimento dos sedimentos, pelos restos que ficam depositados no caminho que fazem com as chuvas, e também, no asfalto.
Fonte: Jornal de Brasília
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