Fonte: O Eco
Nascimento do turismo
O turismo, como o entendemos hoje, é uma atividade relativamente recente. Entretanto, a figura do viajante é universal e está presente nas mais diversas culturas. No ocidente, podemos pensar nos gregos, um povo de navegadores – Ilíada e Odisseia, obras maiores da mitologia grega, são elas mesmas viagens. Há também as grandes peregrinações religiosas da Idade Média e as viagens de comércio – como bem ilustra a experiência de Marco Polo. Por fim, as grandes navegações que tornaram o planeta um só. Essas viagens guardam em comum com as viagens de turismo a ideia de que o viajante entra em contato com uma realidade nova, antes desconhecida, e volta modificado pela experiência, com uma perspectiva ampliada do mundo. O viajante é um contador de estórias, um mediador entre dois mundos, o seu e aquele outro que ele agora conhece.
"Valorização da natureza dependeu de uma inversão da percepção em relação a sua face mais selvagem, awilderness." |
“Wilderness”
"Conceito dewilderness não tem uma tradução exata para o português, mas o mais próximo é a noção de sertão." |
O conceito de wilderness não tem uma tradução exata para o português, mas o mais próximo é a noção de sertão, como um lugar em que a presença humana é pouco perceptível, espaços “desertos” e/ou deserdados pela civilização, e onde predomina a natureza em toda a sua “selvageria”, ou onde os habitantes humanos vivem em uma proximidade e intimidade com o “mundo selvagem”. No imaginário ocidental, a wilderness estava associada a locais demoníacos, como o deserto onde Cristo foi tentado, e em que as amarras que prendiam o homem à civilização se afrouxavam e prevaleciam as inclinações dos instintos e desejos mais “selvagens”. A natureza que se valorizava era a da Arcádia, pastoril e antropizada, ou ainda a natureza geométrica do classicismo – como os jardins do Palácio de Versalles, na França.
Foi com os românticos que a wilderness passou a ser valorada positivamente. A natureza selvagem passava a ser admirada pelas suas características pitorescas, de beleza e de sublimidade. As florestas, os grandes desertos, as montanhas, a vastidão das pradarias, os rios e o mar passaram a representar uma natureza transcendental, que estava além do artefato humano. Deus ou um processo evolutivo – a partir do momento em que Charles Darwin e Alfred Wallace lançaram a Teoria da Evolução - com a duração de bilhões de anos eram as forças responsáveis e refletidas nas paisagens naturais. Passava-se do negativo ao positivo, do demoníaco para o divino, da ausência de civilização para o interesse científico e a apreciação estética.
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