O Governo do Distrito Federal tomou mais uma decisão acerca das bicicletas do programa “Caminho da Escola – Bicicleta Escolar”. Foi publicado no Diário Oficial do DF desta quarta-feira (11) um decreto onde fica decidido que haverá a doação das bicicletas e capacetes do programa para os alunos da rede pública de ensino, ou seja, os estudantes serão, a partir de agora, donos dos equipamentos.
Segundo a Secretaria de Educação, a mudança no programa ocorreu devido à baixa adesão dos alunos. “Acreditamos que esse novo formato do programa terá mais adesão porque houve resistência dos pais dos alunos em assumir um bem público. Muitos ficaram com medo de furto e isso contribuiu para que não fosse efetivo”, explicou o subsecretário de desenvolvimento educacional da secretaria, Márcio Eduardo de Moura Aquino. Antes as bicicletas foram disponibilizadas no regime de comodato, o que siginifica que ao final do Ensino Médio os alunos teriam que devolvê-las às escolas.
Cerca de 400 alunos se inscreveram no programa quando do seu lançamento. Ao todo, são 300 bicicletas a serem distribuídas e as primeiras escolas a serem contempladas são as mesmas de quando o Caminho da Escola foi anunciado em agosto do ano passado. “Para se ter uma ideia, apenas oito alunos chegaram a receber as bicicletas”, disse Márcio. As escolas são a Centro de Ensino Médio 804 e 111.
Os alunos aprovam, mas alguns ainda não acreditam que a distribuição vá funcionar. “Eu preferiria vir de bicicleta porque sou sedentário e economizaria o dinheiro do ônibus. Achei chato eles recolherem as bicicletas, tinha gente contando com isso”, opina o estudante Albert Soares da Silva, 17 anos.
Para Lucas da Silva, 17 anos, o programa não terá futuro. “Não acredito que vá funcionar. Se não funcionou da primeira vez, como vai ser agora?”, questiona. Outro estudante acredita que essa é apenas uma forma de arrecadação de fundos. “Eles distribuíram, mas depois pegaram de volta. Isso é errado. Eles querem arrecadar dinheiro. Essa verba podia ser usada pra investir em outra coisa, em colocar um ônibus pros alunos, por exemplo. E ainda geraria emprego”, fala Lucas Barbosa, 17 anos.
A Secretaria de Educação informou que, após o estabelecimento dos critérios de doação e regulamentação do secretário, as bicicletas serão doadas. “A expectativa é que comecemos a partir da semana que vem”, garante Márcio. Em contrapartida, os alunos beneficiados deverão se manter matriculados nas escolas.
O subsecretário afirmou que o objetivo do programa é diminuir o abandono e a evasão escolar. “O Recanto das Emas foi a cidade escolhida para receber primeiro o programa porque tem a maior malha cicloviária e um alto índice de evasão”, explica.
A aluna Thuany Gomes, 18 anos, discorda do subscretário quando o assunto é ciclovia. “Não tem lógica um programa desse aqui. Quase não tem onde andar com a bicicleta, além de ser muito perigoso”, contesta a estudante do Centro de Ensino Médio 804.
Depois do Recanto das Emas a próxima cidade a receber o “Caminho da Escola” será o Paranoá, que é o bairro com o maior índice de abandono escolar, segundo a secretaria. “Este ainda é um projeto piloto e estamos avaliando se vamos alcançar os nossos objetivos. A partir disso, vamos traçar novos planos e ver quais outras cidades irão participar”, disse Márcio.
Com a mudança a secretaria espera maior adesão do programa. “Por mais que pensássemos nas conseqüências, nós só pudemos avaliar na realidade. Na primeira fase nós não atingimos nem 5% do objeto contratual e precisamos rever algumas questões pedagógicas. Esperamos que a mudança traga maior participação dos alunos”.
Para participar do programa os alunos inscritos tiveram que passar por treinamentos com o Departamento de Trânsito de Brasília (Detran-DF) para ter noções de como ser um ciclista consciente e ter noções de trânsito. Eles receberam ainda aulas de como conservar o equipamento.
Histórico
No ano passado, o Governo do Distrito Federal anunciou a distribuição de bicicletas para 300 alunos da rede pública de ensino. Na época, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, participou de um ato simbólico onde entregava os equipamentos para alunos da rede pública. Mas os estudantes que participaram do evento tiveram que devolvê-las após a cerimônia.
Na época a secretaria de educação informou que o momento de entrega foi apenas um evento solene antes de os alunos receberem os equipamentos e que todos eles foram comunicados sobre o que iria ocorrer.
Fonte: Jornal de Brasília
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