Um dispositivo de baixo custo, seguro e que purificasse as águas mais contaminadas que existem, tornaria o mundo um lugar melhor. Ainda mais se pudesse ser mantido pela mesma comunidade que o utiliza e desse vazão à sua necessidade de consumo.
Ele existe. Foi desenvolvido por um designer industrial, juntamente à sua equipe de técnicos e cientistas. O dispositivo consegue purificar 2 mil litros de água contaminada a cada 24 horas, e só consome 100 watts/h de energia por 35 litros de água limpa em 5 minutos.
Os primeiros beneficiários deste inovador sistema serão 19 famílias chilenas pobres, integrantes do assentamento Fundo San José de Cerrillos, na cidade de Santiago. Lançado no assentamento na semana passada (23 de agosto), esse projeto original e de alto impacto foi desenvolvido no Chile e promete salvar vidas.
Cone translúcido usa sol para dessalinizar água
Água: se é um bom negócio, não vai faltar
O purificador funciona com tecnologia a base de plasma, que elimina os germes e bactérias da água contaminada e proporciona provisão contínua de água limpa e potável.
O plasma corresponde ao quarto estado físico da matéria. Alfredo Zolezzi, designer industrial egresso da Pontifícia Universidade Católica de Valparaíso, e diretor do Centro de Inovação Avançada de Viña del Mar, explica como funciona o dispositivo: “O que fizemos foi captar a água contaminada, que pode vir de qualquer fonte, e fazê-la passar por um dispositivo pequeno, de 23 centímetros, que aumenta a sua pressão, transformando-a de líquido a um fluido semi gasoso com características que nos permitem, com uma descarga elétrica, transformá-lo em plasma. Ionizam-se os gases e produz-se o plasma, que é estável. Isso facilita que a água alcance uma velocidade altíssima. Quando volta a desacelerar, a água sai o dispositivo de novo em estado líquido. No processo, todo agente microbiológico morre, inclusive o transmissor da cólera. O resultado é água potável, segura para ser tomada.”
Zolezzi destaca que o invento nasceu da intenção explícita de usar recursos tecnológicos e científicos para reduzir pobreza. O projeto nasceu de uma parceria com a fundação “Un Techo Para Chile” (Um Teto para Chile) – instituição que luta para extinguir os assentamentos precários, transformando-os em bairros sustentáveis, com famílias integradas à sociedade
Este “milagre sócio-tecnológico” não só ajudará os chilenos, como poderá ser uma solução real para salvar as 6.000 vidas das crianças que morrem diariamente no mundo, por doenças associadas ao consumo de águas contaminadas, ou devido à sua escassez.
*Fernando Espósito é arquiteto e professor da PUCV Valparaiso, Chile
Saiba Mais:
Purificación de Agua con Plasma, Innovación Social Disruptiva en Chile
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