Mais de cem animais de vinte espécies perdem a vida todos os anos nas fachadas espelhadas da Procuradoria-Geral da República, em Brasília. É o que apontou um estudo inédito no Brasil, realizada por pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB).
Em 2006, a Procradoria recebeu a análise feita por especialistas da UnB com sugestões para resolver o problema. Passados quatro anos, o órgão não comentou o assunto e nem informou se algo foi feito para reduzir as colisões. As aves coletadas pelos pesquisadores no pátio da Procuradoria apresentavam lesões como hemorragia cerebral ou de órgãos internos. O prédio foi projetado por Oscar Niemeyer e custou 480 milhões de reais.
Conforme o relatório, as mortes ocorrem ao longo de todo o ano, na seca ou na estação chuvosa, dentro ou fora do período reprodutivo de pombas, beija-flores, andorinhas, da migratória tesourinha, coruja, gavião e espécies que só existem no Cerrado, como uma gralha e o papagaio-galego. Esse último está provavelmente extinto em São Paulo e é considerado ameaçado em Minas Gerais.
Pelos cálculos de Miguel Marini e Clarissa Camargo, da UnB, cerca de 500 aves trombam e mais de cem morrem anualmente nas colisões com os prédios da procuradoria. São três colisões a cada dois dias e uma morte a cada três ou quatro dias. “Durante o voo, as aves não conseguem distinguir entre o que é real e o que é reflexo. Prédios isolados refletem o céu e a vegetação, facilitando os choques”, explicou Marini.
Espécies “territorialistas”, como o bem-te-vi, também sofrem. Ao ver seu reflexo nos painéis, imaginam tratar-se de um intruso em seu território e partem para o ataque com vôos rasantes e bicadas.
Segundo o especialista, conjuntos de edifícios ou construções nas cercanias de Unidades de Conservação são fontes de problemas. Em Brasília, os planos da chamada Cidade Digital e do bairro Noroeste, ao lado do Parque Nacional de Brasília incluem várias construções com fachadas espelhadas. Os bichos voarão de cara nessas barreiras. Falta às autoridades públicas reconhecer o tamanho do problema e definir normas para se evitar a construção de tantos prédios com vidros espelhados perto de áreas naturais.
O bairro Noroeste representa um enorme perigo para as nossas aves, que circulam a partir do Parque Nacional. A ganância imobiliária do projeto inchará vias públicas com mais automóveis e destruirá cerca de 800 hectares de Cerrado, mananciais e uma reserva indígena.
E o GDF ainda rotula o Setor Noroeste como “o primeiro bairro ecológico do país”…
Diminuindo o problema
Menos ricos em biodiversidade, Europa e Estados Unidos desenvolveram sistemas para minimizar os problemas provocados pelas fachadas espelhadas. Eles têm usado películas, afastado alimentadores de aves das janelas, colado imagens de gaviões nas aberturas e fachadas para afugentar animais menores, cortinas para reduzir reflexos e telas de proteção.
Segundo especialistas, também é possível usar listras verticais distribuídas ao longo da superfície espelhada. Isso facilitaria aos bichos ver as fachadas como barreiras. Tudo isso é possível de se conseguir sem sacrificar a entrada de luz natural.
Aos vidros, acrescenta-se ainda o calor interno provocado, aberração que infelizmente foi adotada pelo mestre Niemeyer nas edificações em pleno Cerrado. A própria Catedral de Brasília precisou de adesivos nos vidros para reduzir o efeito estufa gerado internamente...
A utilização dos vidros espelhados reflete uma tendência nefasta e ultrapassada na arquitetura mundial e lamentavelmente, ainda é muito usada por aqui, nos tristes trópicos.
Saudações Verdes!
ADOLPHO FUÍCA
realmente convivo com essa chacina de aves aqui na minha empresa...quero resolver isso e preciso de ajuda referente aonde conseguir os adesivos ou metodo para colocar fitas e outros metodo para acabar com as colisoes!
ResponderExcluirAtt.
rodrigovirmonde@yahoo.com.br
parabéns!!
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