1 de julho de 2010

Arquitetos do DF na luta por uma Brasília sustentável


O Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento do Distrito Federal (IAB-DF) publicou nota aberta à população, em que repudia de forma implacável o modelo de gestão urbanística no DF, que causa um aumento descontrolado da população e desrespeita os direitos das atuais e futuras gerações. A nota do IAB-DF vem de encontro aos nossos anseios por uma Brasília mais verde e com maior qualidade de vida. Solidarizo-me com as propostas dos colegas arquitetos do DF e vamos todos lutar por uma ampla reforma estética e moral em nossa cidade.


Saudações verdes!


ADOLPHO FUÍCA



NOTA PÚBLICA DO INSTITUTO DE ARQUITETOS DO BRASIL – DEPARTAMENTO DO DISTRITO FEDERAL – IAB-DF


Frente ao acelerado processo de desfiguração da paisagem e de comprometimento das condições ambientais e de vida no Distrito Federal, e frente às graves ameaças que pairam sobre o patrimônio cultural e natural de Brasília, a atual gestão do Departamento do Distrito Federal do Instituto de Arquitetos do Brasil vem a público, com o objetivo de alertar a população para a urgente necessidade de que ela, em seu interesse e no interesse das futuras gerações, que irão herdar este valioso pedaço de território brasileiro, use todos os instrumentos políticos ao seu alcance para IMPEDIR que:


1) Continue o acelerado “adensamento” (aumento populacional descontrolado) do Entorno de Brasília e da Bacia do Lago Paranoá – processo que sistematicamente desrespeita as recomendações feitas pelos próprios técnicos dos órgãos de planejamento ambiental e urbano do Distrito Federal e que, justamente por isso, está ocorrendo sem que se garantam à crescente população os transportes públicos, o fornecimento de água, o tratamento de esgotos e de lixo, os serviços de saúde e de educação imprescindíveis ao atendimento do direito de todos a uma qualidade de vida verdadeiramente digna;


2) O adensamento descontrolado ora em curso, levado avante sem os estudos técnicos que demostrem sua viabilidade, ou desrespeitando estudos existentes, termine por destruir, irrecuperavelmente, as bacias do Lago Paranoá, do rio Descoberto e do rio São Bartolomeu, bem como os mananciais e o lençol freático de todo o Distrito Federal;


3) Continue proliferando nas imediações do Plano Piloto uma paisagem cada vez mais parecida com as paisagens grotescas já implantadas na maioria das cidades grandes e médias do Brasil – uma paisagem na qual parcela crescente da população do Distrito Federal está sendo obrigada a viver amontoada, soterrada em congestionamentos de tráfego, ameaçada de submergir em esgotos que não escoam, sem direito à privacidade e a espaços livres em torno das moradias;


4) Porções crescentes do solo público continem sendo desviadas de sua função social, privatizadas em benefício de pouquíssimos e em prejuízo da esmagadora maioria dos habitantes do Distrito Federal – os de hoje e, principalmente, os das futures gerações;


5) Iniciativas econômicas predatórias sigma criando fatos consumados à sombra de controles, à revelia de pareceres técnicos contrarios, enquanto os poderes responsáveis se furtam à obrigação de impor a lei e de fiscalizar sua observância, esperando pelo momento em que, consumados os fatos, agirá para “regularizá-los” (tornando “legal” o que é essencialmente ilegal e ilegítimo);


6) O argumento falacioso do suposto “engessamento” de Brasília siga sendo usado como uma cortina de fumaça a ocultar a intenção de consumar a destruição de seu patrimônio natural e cultural – um patrimônio pertencente não só à nação brasileira, mas a toda a humanidade, e que, por isso, não está a serviço de um grupo de agentes políticos e econômicos determinados a confundir seus próprios interesses com o bem público.


Brasília, junho de 2010


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