4 de junho de 2010

A vida não precisa de agrotóxicos


Endossulfan, Metamidofós, Fosmete, Tiran, Triclorfom, Parationa Metílica, Carbofurano, Forato, Paraquate, Acetato… Talvez você nunca tenha ouvido falar em nenhuma dessas substâncias, mas todas elas são amplamente empregadas em plantações de tomate ou batata e há décadas estão proibidas na Europa, Estados Unidos e diversos outros países, mas continuam sendo usadas livremente nas hortas e lavouras do Brasil, apesar do potencial mortífero.

Segundo dados do Sindicato Nacional para Produtos de Defesa Agrícola (Sindage) o país já ultrapassou a marca dos 700 milhões de litros de agrotóxicos legalmente comercializados a cada ano. O valor total do uso de agrotóxicos distribuídos por habitante equivale ao consumo de 4 kg de agrotóxicos por pessoa ao dia.

Que tal uma bela salada de tomates recheados à moda mexicana? Ou talvez uma deliciosa sobremesa de morangos da vovó? Quem sabe umas folhas de alface para a pele do bebê? Cuidado…

Análises feitas pela própria Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) em 2007 mostraram que 40% do tomate, morango e alface vendidos nos supermercados brasileiros estavam com dosagens de agrotóxicos acima do limite considerado seguro.

É necessário que se implante com urgência uma campanha educativa que dê detalhes para as pessoas sobre o nível de agrotóxicos impregnado nos alimentos. É o mínimo que o governo federal pode fazer para garantir o bem estar da população e do meio ambiente em geral.

Retrocesso, perversidade e incongruência
Em 2008, acatando ação movida pelo sindicato das indústrias de defensivos agrícolas (Sindag), a Justiça brasileira proibiu a Anvisa de prosseguir os estudos que verificavam a segurança de ingredientes ativos em 99 marcas de agrotóxicos usados no país. A decisão, do juiz Waldemar Claudio de Carvalho, da 13ª Vara Federal do Distrito Federal, representa um retrocesso para o país e uma perversidade para com as pessoas. O que deveria ser um caso para a Polícia Federal, transforma-se-se em batalha judicial na República da adulteração generalizada. Se a ciência descobre que determinadas substâncias são nocivas à saúde - seja de quem as consome, seja de quem trabalha diretamente com elas - é uma incongruência reavaliá-las por força de uma liminar.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) é um celeiro de pesquisa de ponta e produção de orgânicos, com sementes adaptadas a variados tipos de clima e bioinseticidas que não requerem o uso indiscriminado de venenos nas lavouras. Algumas indústrias brasileiras chegam a exportar esses bioinseticidas, mas o agronegócio, comandado pelo modelo perverso das trasnsnacionais, nunca incentivou ou se interessou pelo uso de produtos alternativos, seguros, baratos e eficazes.

Que o governo é ineficiente e relapso, não há nenhuma novidade, mas há também o lobby, a pressão e o poder econômico dos grandes monocultures e principalmente da já citada indústria multinacional de venenos agrícolas, com sua maldita cadeia de distribuição de herbicidas, fungicidas, pesticidas, formicidas e todas essas “cidas” que alimentam o agronegócio, adoecem a plebe, agridem o planeta e se sobrepõem aos interesses coletivos.

Saudações Verdes!

ADOLPHO FUÍCA

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