Apesar de torcer pelo Fluminense, defendo a preservação do nome do saudoso estádio MANÉ GARRINCHA. Participe da campanha e DEFENDA NOSSA HISTORIA! Abraço e bom final de semana!
Adolpho Fuíca
O Estádio Mané Garrincha, em Brasília, foi inaugurado em 1974. Ele faz parte do Centro Desportivo de Brasília que conta com o ginásio Nilson Nelson, a antiga pisicina coberta Cláudio Coutinho e o Autódromo Nelson Piquet, dentre outras instalações.
Agora, em reforma para a Copa 2014, passados quase 40 anos, o governo Agnelo quer mudar seu nome para o amorfo nome de Estádio Nacional de Brasília. Dizem que é uma exigência da Fifa, que assim ficaria liberada de pagar qualquer direito autoral aos herdeiros do craque das pernas tortas que chegou a jogar em Brasília, no final de sua carreira, no Ceub.
Muito muito mais “nacional” do que o nome que Agnelo deseja batizar é a importância que Garrincha representou e continua representando para o esporte brasileiro.
Fato raro no Brasil, Mané Garrincha foi homenageado por todos os brasileiros ainda vivo, então aos 40 anos de idade! Homenageado pelo que fez pelo esporte nacional não somente por botafoguenses, mas por todos os brasileiros que o reconhecem também como o principal responsável pelas conquistas das Copas do Mundo de 1958 (Suécia) e 1962 (Chile).
Assim, este blog se soma a diversos brasilienses e brasileiros que indignados com a iniciativa de Agnelo Queiroz criaram um manifesto em linha e lançaram na internet um abaixo-assinado que representa a vontade popular dos brasileiros, lutando pela preservação da memória nacional por meio da manutenção do nome Mané Garrincha no reformado Estádio.
A memória brasileira precisa ser preservada não só nos esportes, mas em todas as outras ações.
Convidamos você a assinar esta petição eletrônica (clique aqui) e a convidar seus amigos para fazerem o mesmo.
O Mané Garrincha não foi palco apenas de futebol, ele também foi um espaço dedicado a cultura nacional, em especial à musica. O Mané Garrincha foi palco dos Mamonas Asssassinas ao Iron Maiden.
Abaixo, um texto sobre parte desta trajetória. Se você quiser contar outra, escreva para nós, que a publicaremos.
HISTORIA DO ESTADIO MANÉ GARRINCHA – 1988 – LEGIÃO URBANA
Por Daniel Cariello · Brasília, DF
Para quem não conhece a história, o Festival de Altamont reuniu, em 1969, bandas seminais como Jefferson Airplane, The Flying Burrito Brothers e os Rolling Stones. E foi no show do grupo de Mick Jagger que a confusão rolou: durante uma briga, os motoqueiros Hell’s Angels, que cuidavam da segurança, espancaram um fã até a morte.
Em Brasília, em 1988, o tumulto não chegou a esse extremo. Mas também não ficou muito longe. E as conseqüências foram semelhantes.
O cenário era a Capital Federal, estádio Mané Garrincha. E a banda era a Legião Urbana, comandada pelo redentor Renato Russo e seus três apóstolos. Juntos, lideravam uma turba de 50 mil pessoas. 50 mil fanáticos. 50 mil dispostos a dar o sangue pelo salvador. E foi o que acabou acontecendo.
Analisada em perspectiva histórica, dá pra dizer que essa noite mudou a trajetória do mais famoso grupo de rock brasileiro em todos os tempos. E eu estava lá.
Faroeste Caboclo
Tinha 14 anos. Era o primeiro show de rock que assistia na vida. A Legião Urbana era amada na cidade mais ou menos como os Beatles em Liverpool. Todo mundo foi ao Mané Garrincha. Todo mundo mesmo. Os 50 mil presentes compraram ingressos, ou não, e lotavam o gramado, as cadeiras e as arquibancadas do estádio.
Foi uma noite tensa. A polícia montada avançava com os cavalos sobre as transamazônicas filas que se formavam do lado de fora. A cidade estava extasiada. Ninguém queria perder a volta do ídolo, um ano e meio depois. O caos era tão grande que tiveram a brilhante idéia de liberar as roletas. Quem tinha ingresso entrava. Quem não tinha entrava também.
A aparição da banda no palco pareceu a volta do messias. E, de certa forma, era mesmo. A multidão gritava enlouquecidamente, e o show começou, triunfal, com Que País é Esse?, música de mesmo nome do recém-lançado disco, que até então já tinha vendido mais de 400 mil cópias.
O que aconteceu naquela noite muita gente ainda se lembra: bombinhas explodiram no palco, um louco agarrou Renato Russo no meio de Conexão Amazônica, brigas por toda parte, o cantor xingou a platéia, a platéia xingou o cantor. Um clima de quase guerra civil.
A banda saiu do palco depois de 50 minutos de apresentação. O público, indignado, iniciou um quebra-quebra. Eu estava nas arquibancadas. E dava para ver a multidão correndo de um lado para o outro no gramado do estádio. A polícia, claro, não conseguiu controlar a catarse coletiva.
No dia seguinte, prometi pra mim mesmo que ficaria 10 anos sem ouvir as músicas deles. Fiquei uma semana. E a Legião nunca mais tocou em Galinho de Brasília.
Geração Coca-Cola
Antes da Legião Urbana, nenhuma banda da cidade tinha conseguido projeção nacional. Outras vieram depois. Mas a diferença é que o quarteto tinha Renato Russo, um professor de inglês que gostava de Bob Dylan, Beatles, Stones e Sex Pistols.
Naqueles anos, ninguém mais estava a fim de ouvir Absyntho, Metrô, Sempre Livre e outros grupos que, felizmente, apareceram e desapareceram na década de oitenta. Era hora de escutar músicas que contavam o que acontecia no dia-a-dia da gente.
Renato sabia o que dizia. E sabia o que o seu público queria que ele dissesse. Suas letras iam da desilusão amorosa entoada em Ainda é Cedo à revolta em ver a pátria sem rumo, gritada em Que País É Este?.
Ele tinha a poesia dos trovadores. Foi o maior letrista do rock brasileiro em todos os tempos, mas com alma punk. Quando parava pra falar, todos ouviam. Por isso mesmo falava o que queria. Uma mistura explosiva do poeta francês Baudelaire com Sid Vicious, o polêmico baixista dos Pistols.
Será?
Naquela noite de 18 de junho de 1988, isso tudo veio à tona. A idolatria pela Legião e especialmente pelo vocalista estavam no auge. A expectativa era muito grande, tanto do público quanto do grupo. A banda prometia revolta e energia em suas músicas e foi isso que levou 50 mil pessoas ao estádio. Quando as coisas começaram a dar errado, ficou impossível controlar os ânimos.
Assim como a tragédia de Altamont marcou a transição dos sonhadores anos 60 para a barra pesada dos anos 70, o show do Mané Garrincha foi também um divisor de águas na carreira do grupo e na história da cidade.
A partir daquele momento, o quarteto passou a evitar longas turnês e deixou de lado o discurso político. As letras tornaram-se mais introspectivas. Brasília nunca mais juntou tanta gente em uma apresentação de uma só banda e a segurança da platéia passou a ser levada mais a sério nos shows (ou você acha que 700 policiais e seguranças dariam conta da multidão?).
Renato Russo também deixou de lado o discurso messiânico. Não queria mais mudar o mundo. Passou a querer apenas cantar suas próprias aflições e angústias.
Naquela noite Brasília perdeu um punk. E muito da inocência também.
FATOS COMO ESTE SERÃO ESQUECIDOS PELA MEMÓRIA COM A MORTE SÚBITA DO ESTADIO MANÉ GARRINCHA!!!! DEFENDA NOSSA HISTORIA! POR FAVOR ASSINEM E COMPARTILHEM
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