21 de novembro de 2011

Derrame de petróleo em Campos pode ser 10 vezes maior do que o anunciado

O derrame de petróleo provocado pela multinacional Chevron-Texaco, na Bacia de Campos, que já dura uma semana, pode ser dez vezes maior do que o estimado pela empresa. Segundo o geógrafo John Amos, diretor do site SkyTruth, especializado em interpretação de fotos de satélites com fins ambientais, o derramamento pode chegar a 3.738 barris por dia, e não os 330 barris anunciados pela petroleira. Os cálculos foram feitos a partir da medição da área da mancha de óleo avistada em alto-mar, e já foi detectada pelos satélites da NASA. No domingo 13/11, a mancha foi estimada em 163 km².

Além de contaminar a água e o pescado da região e de colocar em risco as áreas litorâneas da Região dos Lagos, no Estado do Rio, o derrame de petróleo pode afetar a migração de baleias e de outras espécies, comum nesta época do ano. Segundo a secretaria de Meio Ambiente do Estado do Rio, a região faz parte da rota migratória de baleias, como a jubarte, e golfinhos, que podem ser prejudicados.

O acidente acende também a luz amarela para explorações em áreas como as do o Parque Nacional Marinho de Abrolhos, recentemente autorizadas pelo governo. Entidades como o Greenpeace defendem uma moratória na exploração do petróleo na região de maior diversidade do Atlântico Sul.

Se você quiser assinar a petição contra a exploração de petróleo na águas próximas ao Parque Nacional Marinho de Abrolhos, clique aqui

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[Veja as fotos] Meio-ambiente: Mancha de Petróleo de 163 km² ameaça praias do Rio

É curioso o comportamento editorial da grande imprensa brasileira que vem tratado o tema como um fato menor. Até o dia 15/11, nenhuym veículo havia produzido reportagem in loco, muito menos produzido imagens. O pouco que foi divulgado partir de informes oficiais da empresa e do governo.

Segundo nota da agência Globo, a Polícia Federal vai instaurar inquérito para apurar o vazamento de petróleo que está ocorrendo há uma semana no campo de Frade da gigante americana Chevron, na Bacia de Campos, no litoral do Estado do Rio. A informação foi dada pelo Chefe da Delegacia de Meio Ambiente da Polícia Federal, delegado federal Fábio Sclair. Segundo o delegado, a decisão de abir o inquérito foi tomada após uma inspeção feita por duas equipes da Polícia Federal, na terça-feira, no local onde se localiza a mancha de óleo e a plataforma da petrolífera.

— Existem várias incongruências. Os funcionários da plataforma nos informaram que não há previsão para o fim do vazamento. E a fenda aberta no solo tem de 280 metros a 300 metros de extensão — destacou o Sclair.

Segundo o delegado, se comprovada culpa dos operadores da plataforma, tanto os responsáveis diretos, como a própria Chevron, poderão ser indiciados por crime de poluição que prevê várias penalidades, entre elas prisão de um ano a três anos.

O derrame de petróleo provocado pela Chevron, acontece no Campo de Frade, na Bacia de Campos. A Agência Nacional do Petróleo (ANP) subestimou o volume do derrame, estimando-o em 330, ou mais de 50 mil litros de petróleo a cada 24 horas, quando a proópria multinacional divulgou nota calculando-o em num volume estimado entre400 a650 barris por dia. Cada barril equivale a, aproximadamente,160 litros. Este é o primeiro vazamento desse tipo no Brasil. O acidente reproduz a história recente do Golfo do México. Por sinal, a plataforma SEDOC 706, que perfura os três poços da Chevron de onde saiu o vazamento, é da mesma empresa que operava com a BP no triste episódio mexicano, a Transocean Ltd.

Veja abaixo informe publicado pelo Greenpeace

“A causa ainda é desconhecida. A Chevron declara que o vazamento é resultado de uma falha natural na superfície do fundo do mar, e não no poço de produção no campo de Frade. Mas essa falha natural não aparecia no Estudo de Impacto Ambiental (EIA). O que aconteceu em Frade para a ‘falha natural’ começar a jorrar petróleo? Onde está o EIA de Frade, para que a população possa acessá-lo?”, questiona Leandra Gonçalves, da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace.

A ANP aprovou, no último domingo, o Plano de Abandono apresentado pela Chevron para um dos poços, o 9-FR-50DP-RJS. O plano prevê o emprego de lama pesada para “matar” o poço. Em seguida será usado cimento para extinguir o poço de forma definitiva. Segundo o cronograma previsto, o vazamento deverá ser controlado nos próximos dias e o poço deve ser fechado até a próxima semana.

Na semana passada, logo que o vazamento veio à tona, a presidente Dilma Rousseff determinou “atenção redobrada e uma rigorosa apuração das causas do acidente, bem como de suas responsabilidades”.

“A declaração da presidente indica alguma preocupação do país com casos como esse, mas ainda falta seriedade, agilidade e transparência à ANP, que apenas ontem divulgou qualquer tipo de informação sobre o vazamento à população. Esperamos agora que as autoridades públicas cumpram sua ordem e sejam transparentes com as informações”, afirmou Leandra.

Se você quiser mandar um recado para a Chevron sobre a postura dela neste derrame de petróleo na Bacia de Campos, clique aqui.


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