Moradores da Asa Norte e frequentadores do Parque Olhos D’Água reuniram-se ontem para colher assinaturas contra a construção de um shopping em área de nascentes próxima à reserva. Mais de mil pessoas aderiram ao manifesto cujo objetivo é barrar a futura obra que pode aterrar o local onde estão as minas da Lagoa do Sapo, localizada dentro do parque.
Embora ainda não tenha recebido o documento, o governador Agnelo Queiroz (PT) disse que, por enquanto, nenhuma edificação será feita. A garantia foi dada na manhã de ontem, durante cerimônia de lançamento do pacote para investir na infraestrutura e na revitalização das áreas degradadas do Parque Ecológico Águas Claras. Agnelo afirmou que a criação de um comércio sobre as nascentes ainda precisa ser discutida pela equipe técnica do governo. “Toda a área ao redor está sendo reestudada. Mesmo as coisas que estavam planejadas pelos governos anteriores. Até segunda ordem, não tem nenhuma alteração nossa”, disse.
Desde 1995, os moradores da Asa Norte tentam, por meio do Ministério Público, que os terrenos das nascentes recebam a mesma proteção do parque. Até o momento, no entanto, a Justiça fez apenas recomendações ao Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Distrito Federal (Ibram) para analisar o caso. Ainda não houve liberação da licença ambiental necessária para dar início a qualquer empreendimento. Mesmo assim, técnicos de uma construtora foram até o local há menos de um mês para fazer as medições do lote 16,8 mil metros quadrados. A presença deles preocupou os moradores, que começaram a se mobilizar no fim de semana retrasado.
Morador da 215 Norte, Ricardo Montalvão faz parte do programa “Adote uma Nascente” e liderou a manifestação de ontem. “Não pode haver edificação aqui. Esse não é problema de um bloco, mas de Brasília”, ressalta. “Temos que deter a especulação imobiliária para preservar a qualidade de vida”, completa. Professora de direito ambiental da Universidade de Brasília (UnB) e promotora de Justiça, Juliana Santilli também integra o grupo que é contra a construção do shopping. Ela acredita que o governador deve se sensibilizar com a manifestação popular. “É uma irresponsabilidade inacreditável o que se pretende fazer aqui. Esperamos que o governo nos ouça”, acrescenta.
Reforma
Enquanto dura a discussão na Asa Norte, o Parque Ecológico de Águas Claras receberá melhorias em mais de 20 pontos de seus 86 hectares de extensão. Serão gastos R$ 2 milhões para a construção de novos banheiros, reforma nos portões, guaritas e recuperação de áreas degradadas. O dinheiro investido será do governo e da iniciativa privada (leia Para saber mais).
Manifestação
Não é a primeira vez que os moradores da Asa Norte se mobilizam contra a futura construção de um espaço de lazer na Entrequadra 212/213 Norte. No último dia 31, frequentadores do Parque Olhos D’Água também protestaram para barrar a futura obra na área, que tem função de drenagem urbana e de depósito de água, segundo o Ibram.
Fonte: Correio Braziliense
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