Ary José de Oliveira, ou Ary Pára-Raios, vivia fazendo palhaçadas. Brincadeiras de gente grande. Pelo riso, dava recados certeiros. Suas caretas chamavam o respeitável público à responsabilidade. Suas performances conscientizavam crianças e constrangiam autoridades. À frente de seu Esquadroã da Vida, esse palhaço das causas humanitárias colocou a arte a serviço do meio ambiente. E o presidente Lula acabou por decretar o DIA DO CERRADO no mesmo dia do nascimento de Ary Pára-Raios: 11 de setembro.
O dia 11 de setembro ficou marcado para sempre na história universal pelos atentatos terroristas que atingiram os Estados Unidos e derrubaram o símbolo maior do capitalismo: as duas torres do World Trade Center. Mas o 11 de setembro é também uma data para celebrar a vida, pelo menos aqui no Brasil: é o DIA DO CERRADO, dedicado a uma reflexão maior sobre a preservação do maior e mais agredido ecossistema brasileiro. Mas você sabe por que foi escolhida essa data para se celebrar o Cerrado? No dia 11 de setembro nasceu uma das figuras mais populares do Planalto Central: o artista plástico, diretor de teatro, jornalista e ambientalista Ary José de Oliveira, mais conhecido por Ary Pára-Raios - histórico e contuntente defensor do Cerrado.
Ary José de Oliveira nasceu no Paraná, filho de sapateiro e dona-de-casa, foi comunista e fugitivo da repressão, chegando a Brasília em 1975. No ano seguinte fundou o grupo de teatro de rua "Esquadrão da Vida", em repúdio ao Esquadrão da Morte, de triste memória dos tempos negros da ditadura militar.
Artista de teatro, com vocação para o teatro popular, especialmente o teatro mambembe, Ary produziu a peça "Bicho Homem e Outros Bichos" e a encenou em 58 cidades brasileiras, de pequeno, médio e grande porte. A peça foi assistida por cerca de 200 mil pessoas em sete anos de estrada.
“Folia Real” foi seu último espetáculo mambembe em Brasília, que levou para as ruas, encenando na Rodoviária, nas quadras residenciais, no Setor Comercial Sul, no Setor Bancário Sul, na Torre de TV e no Zoológico. A peça continha textos de poetas consagrados como Fernando Pessoa e João CAbral de Melo Neto. Ary morreu de cancer em 2003, aos 63 anos, deixando uma herança forte em Brasília: o teatro de rua, o teatro mambembe, o teatro engajado, que fala diretamente com o povo.
Muito mais do que isso. Quem conheceu Ary de perto como eu conheci, sabe do que estou falando. Viajamos juntos para o Rio de Janeiro, trocamos muita prosa durante a memorável Eco-92. Foi ali que pude absorver um pouco de sua sensibilidade aguçadíssima e nos tornamos amigos. Hoje, sete anos após sua morte, me considero seu discípulo, no sentido do engajamento radical e inteligente, na luta pelo meio ambiente de uma forma libertária.
Um abraço para minha amiga Fernanda Massot, mãe de quatro filhos de Ary Pára-Raios e um abraço superespecial para Maíra Oliveira, também minha grande amiga, responsável pela retomada e sucesso do Esquadrão da Vida.
Viva Ary Pára-Raios! Viva o Cerrado brasileiro!
Saudações verdes!
ADOLPHO FUÍCA – 43043 – O Distrital do Cerrado em Pé
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