Fazer exercícios é bom, mas exagerar na dose é perigoso. A virtude está no meio, conforme repetem, há milênios, os discípulos de Aristóteles, Buda e Confúcio.
Quando os músculos entram em funcionamento, o organismo tende a canalizar mais oxigênio para eles e menos para os órgãos. Depois, ao longo do exercício, alternam-se momentos com excesso e escassez de oxigênio. A respiração acelera o processo de oxidação e aumenta a produção de radicais livres. Novamente o organismo contrabalança, liberando mais enzimas e substâncias antioxidantes para neutralizar os radicais livres.
Todo esse vai e volta é para restabelecer o equilíbrio. Se o exercício é muito prolongado ou o nível de exigência é muito alto, porém, o organismo não dá conta de garantir a normalização. Aí ocorre o estresse oxidativo, com potencial para causar danos nos componentes das células, incluindo proteínas e até o DNA do indivíduo. Por essa razão, esportistas de alto desempenho devem tomar suplementos antioxidantes e assim proteger, em especial, o coração, os pulmões e o fígado.
Ocorre que parte da resposta ao exercício – a produção das enzimas antioxidantes – é determinada geneticamente, ou seja, difere de pessoa para pessoa. “Devido à nossa diversidade genética é difícil determinar o que é exercício demais para cada indivíduo ou qual a dose ideal de suplementos antioxidantes, pois eliminar todos os radicais livres também não é bom, uma vez que os músculos precisam deles como sinalização para funcionar direito”, explica a bióloga especializada em Genética Humana, Ana Luisa Miranda-Vilela, da Universidade de Brasília (UnB).
A busca por substâncias mais seguras levou ao estudo de alimentos com propriedades antioxidantes para substituir s suplementos sintetizados em laboratório. Aqui entra na história o pequi (Caryocar brasiliense), fruto típico do Cerrado brasileiro, ingrediente obrigatório nas mesas tradicionais de goianos.
“O pequi é rico vitamina E e em carotenoides, que são eficientes para proteger coração e fígado em situações de baixa oxigenação, quando vai tudo para os músculos”, diz Ana Luisa. “Também é rico em vitamina C, que protege o pulmão em caso de esgotamento, quando é comum baixar a imunidade e abrir caminho para gripes e doenças respiratórias”.
Sob a orientação de Cesar Koppe Grisolia, também da UnB, a pesquisadora desenvolveu seu doutorado sobre o efeito antioxidante do óleo de pequi, realizando primeiro testes de toxicologia em camundongos e, depois, exames de sangue em atletas, antes e depois de corridas, primeiro sem nenhuma suplementação e em seguida a 14 dias de suplementação com cápsulas de óleo de pequi. A pesquisa durou quatro anos, com bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) no último ano. Rendeu uma patente e está em fase de transferência de tecnologia e registro na Anvisa para gerar um produto comercial.
“O óleo de pequi, além de possuir várias propriedades nutricionais, apresentou efeitos antioxidantes e cardiovasculares protetores”, diz a conclusão da tese de Ana Luisa. Juntamente com Cesar Grisolia, a autora continua a trabalhar com o pequi, investigando agora o potencial como adjuvante na quimioterapia do câncer. E mais duas mestrandas também se debruçam sobre a fruta verde-amarela (casca verde e polpa amarela): Mariana Matos Roll e Ieler Ferreira Ribeiro.
Nossa torcida é para tudo andar em e rápido, pois 2014 e 2016 estão aí na porta e nossos atletas precisam mesmo de um bravo fruto do Cerrado para proteger seus corações! Fonte: www.planetasustentavel.abril.com.br
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