26 de outubro de 2012

Sobre todos nós


Já se disse tudo sobre os guarani-kaiowá. Nada parece comover a "civilização brasileira" de que o extermínio desse povo é um crime imperdoável e o sangue de suas crianças recai sobre todos nós. Dói na alma ler a carta da comunidade Pyelito kue""Mbarakay, de Iguatemi (MS), divulgada depois que a Justiça de Naviraí (MS) determinou sua retirada da beira de um rio.

É um daqueles documentos que testemunham momentos graves na formação do país, como os relatos de Canudos e do Contestado, da Revolta da Chibata, da escravidão, da ditadura, dos incontáveis massacres e chacinas que tingem o chão de nossa pátria.

Ouçamos a voz guarani-kaiowá: "(...) avaliamos a nossa situação e concluímos que vamos morrer todos mesmo em pouco tempo, não temos e nem teremos perspectiva de vida digna e justa tanto aqui na margem do rio quanto longe daqui. Estamos acampados a 50 metros do rio Hovy, onde já ocorreram quatro mortes, sendo que dois morreram por meio de suicídio e dois em decorrência de espancamento e tortura de pistoleiros das fazendas. Moramos na margem deste rio Hovy há mais de um ano, estamos sem assistência nenhuma, isolados, cercado de pistoleiros e resistimos até hoje. Comemos comida uma vez por dia. Tudo isso passamos dia a dia para recuperar o nosso território antigo Pyelito kue-Mbarakay".

Onde estão os poderes da República, o sistema político, as grandes empresas que se dizem salvadoras da economia nacional? Onde está a opinião pública? Onde está o brasileiro cordial?

Escutemos: " (...) ali estão o cemitérios de todos nossos antepassados. Cientes desse fato histórico, nós já vamos e queremos ser mortos e enterrados junto aos nossos antepassados aqui mesmo onde estamos hoje, por isso, pedimos ao governo e à Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo/expulsão, mas solicitamos para decretar a nossa morte coletiva e para enterrar nós todos aqui. Pedimos, de uma vez por todas, para decretar a nossa dizimação/extinção total, além de enviar vários tratores para cavar um grande buraco para jogar e enterrar os nossos corpos. Esse é nosso pedido aos juízes federais".

Há um suicídio a cada seis dias entre os guarani-kaiowá. Quase 50 são assassinados por ano. Agressões incontáveis. Falta ética, respeito à vida e responsabilidade para com os mais frágeis.

Não faltam anestesiadores de consciência sempre dispostos a minimizar a gravidade da situação, ao dizer que os índios estão blefando, que as "ONGs estrangeiras" estão por trás, conspirando contra o Brasil.
A pergunta é: até quando assistiremos o genocídio sem fazer nada? Cada um sabe se é um destinatário da pergunta e em que medida participa da resposta.
 

Marina Silva, ex-senadora, foi ministra do Meio Ambiente no governo Lula e candidata ao Planalto em 2010.

23 de outubro de 2012

POR UM BRASIL ECOLÓGICO, LIVRE DE TRANSGÊNICOS & AGROTÓXICOS



Entidades pedem a reavaliação de milho transgênico questionado em recente estudo francês

Número 605 - 19 de outubro de 2012
Car@s Amig@s,

Entidades da sociedade civil encaminharam um ofício ao governo federal questionando a liberação comercial do milho modificado geneticamente NK603. O requerimento de reavaliação foi direcionado a diversos ministros e representantes de órgãos relacionados ao tema, e seu objetivo é suspender o uso dessa tecnologia até que pesquisas independentes confirmem sua segurança alimentar e nutricional. Movimentos sociais, organizações civis, entidades científicas e de direitos, dentre outros segmentos, assinam o
documento.

A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio aprovou em 2008 a liberação comercial do milho geneticamente modificado NK603, tolerante ao Glifosato (Milho Roundup Ready), de propriedade da Monsanto S/A, que hoje é cultivado em todo o Brasil. A avaliação dos movimentos é que as pesquisas que embasaram a autorização do plantio, como de praxe nas liberações comerciais de transgênicos no país, foram baseadas em estudos de curto prazo e elaborados pela própria empresa proponente. Outras cinco variedades de milhos transgênicos possuem o evento NK603 em sua composição.

Novos conhecimentos científicos sobre os efeitos adversos do NK603 foram publicados no mês de setembro pela renomada revista científica Food and Chemical Toxicology. Pesquisadores da Universidade de Caen, na França, comprovaram alterações metabólicas decorrentes do consumo do milho geneticamente modificado, casado ou não à utilização do herbicida Roundup. O estudo é considerado inédito por ter avaliado mais de 100 parâmetros ao longo de 2 anos com 200 ratos de laboratório. Os resultados revelaram uma mortalidade mais alta e frequente quando foram consumidos esses dois produtos, com efeitos hormonais não lineares e relacionados ao sexo. As fêmeas desenvolveram numerosos e significantes tumores mamários, além de problemas hipofisários e renais. Os machos morreram, em sua maioria, de graves deficiências crônicas hepato-renais.

Os autores do estudo propõem que os transgênicos devem ser avaliados com muito cuidado por estudos de longo prazo para medir os seus potenciais efeitos tóxicos. A Rússia suspendeu a importação deste milho após a publicação do estudo e a França requereu estudos para auferir sua segurança, cujos resultados vão determinar ou não a defesa do governo francês pela suspensão deste evento em toda a União Europeia com uma moratória das culturas de OGM. No Brasil, a Lei Nacional de Biossegurança (11.105/2005) prevê a reavaliação de decisões técnicas fundamentada em fatos ou conhecimentos científicos novos que sejam relevantes à biossegurança. Além disso, o Conselho Nacional de Biossegurança (CBNS) também tem prerrogativa de justificar a não utilização de determinados produtos com base no interesse nacional.

A sociedade civil elaborou o documento ressaltando a urgência de se reavaliar as liberações comerciais relacionadas ao milho NK603 e, até que isso seja feito, pede que sejam suspensos os efeitos desses pareceres técnicos. O objetivo é proibir o plantio, uso e comercialização deste tipo de semente, tendo em vista o risco que estes grãos representam à população brasileira. É inadmissível, segundo as organizações, que pesquisas de relevância à saúde da população sejam conduzidas apenas pelas empresas proponentes de pedidos de liberação comercial de transgênicos, cujos interesses refletem apenas o lucro dessas transnacionais. Defendem, portanto, estudos realizados por pesquisadores independentes e desvinculados dos interesses econômicos dessas empresas. No requerimento solicitam ainda que o Ibama e a Anvisa, enquanto entidades de registro e fiscalização, requeiram também a reavaliação desses pareceres técnicos do milho NK603 e que os ministros integrantes do CNBS se posicionem sobre o assunto.

Por Articulação Nacional de Agroecologia

22 de outubro de 2012

Traficante de animais detido duas vezes em outubro continuará livre

Papagaios apreendidos pela Polícia Militar de Mato Grosso do Sul. No caminho do tráfico, muitos morrem pelo transporte precário. (Foto: PMA/MS)

Campo Grande (MS) – A Polícia Militar Ambiental de Mato Grosso do Sul (PMA/MS) apreendeu, no sul do Estado, na segunda-feira (15), mais 46 filhotes de papagaios que seriam comercializados ilegalmente em São Paulo.

As aves estavam em caixas dentro de um veículo conduzido por dois homens, um dos quais, no início de outubro, já fora autuado pela PMA com 38 aves. Ambos responderão em liberdade, o traficante reincidente ainda não foi julgado pelo primeiro caso.

O fato aconteceu em meio à campanha educativa da Polícia Militar Ambiental do Mato Grosso do Sul (PMA-MS) com o objetivo de prevenir o tráfico de animais silvestres, atividade que se intensifica na primavera, período de reprodução de grande parte de espécies da avifauna.

Os traficantes foram conduzidos à Delegacia de Polícia Civil de Ivinhema e responderão por crime ambiental. Poderão pegar pena de 6 meses a 1 ano de detenção. Cada um também foi multado em R$ 46.000,00, embora a legislação permita recorrerem do pagamento.

Os animais foram encaminhados ao Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), em Campo Grande, onde passarão por exames de sanidade exigidos pela legislação brasileira para serem reintroduzidos na natureza.

O Eco

10 de outubro de 2012

Festival do Minuto Tema Rios


Tema  inspira produções de um minuto em animação, filmes de celular ou qualquer outro meio  audiovisual

Concurso tem patrocínio da Sabesp e apoio da ANA – Agência Nacional de Águas. Além de 3 laptops, agora os melhores trabalhos concorrem também ao Prêmio Especial ANA no valor de R$ 5 mil

Rios. Correntes contínuas de água que desaguam em outros rios ou mares. Habitat de muitos e muitos seres vivos, de diversas espécies. Os rios são ainda vias de transporte muito eficazes, espaços para momentos de lazer - pesca, esportes, natação, remo – e contemplação. Impactam fundamentalmente a qualidade de vida do planeta e são cenários de diversos momentos das vidas das pessoas.

O Brasil é um país imensamente rico em recursos hídricos: 13% de toda a água doce do mundo está aqui. Considerando esses aspectos, o tema Rios pode trazer diversas abordagens. Claro que a preservação e o viés ecológico rendem grandes produções, mas o concurso não se restringe a esse tipo de aproximação.  Uma recordação que envolva a família, os amigos ou um amor; causos e lendas e mesmo o rio como alegoria: todas as ideias serão aceitas pela curadoria.

Desde que foi lançado, a página do concurso já teve mais de cinco mil acessos e cerca de 80 vídeos já foram enviados. Os três melhores trabalhos selecionados pela curadoria do Festival serão premiados com um laptop cada. E ainda, o vídeo selecionado pela ANA – Agência Nacional de Águas -  levará o Prêmio Especial de Aquisição ANA, no valor de R$ 5 mil.

Se você tem uma história para contar que envolva o tema rio, produza seu vídeo de 1 minuto e inscreva no site  www.festivaldominuto.com.br sua criação. As inscrições são abertas a todos os públicos e seguem até o dia 27 de outubro de 2012.

Sobre a Sabesp

A Sabesp não abastece sua vida só de água, mas também de cultura. Por isso patrocina diversos projetos nas áreas de literatura, artes plásticas, música, dança, teatro, circo, cinema e preservação de patrimônios culturais. Respeitando a pluralidade cultural brasileira, a Sabesp procura enfatizar a conscientização ambiental, o desenvolvimento sustentado e a memória da sociedade. Nos últimos anos, foi a empresa do Governo do Estado de São Paulo que mais investiu no Programa de Fomento ao Cinema Paulista, da Secretaria de Estado da Cultura, possibilitando a realização de importantes filmes do nosso cinema. Para a Sabesp, praticar responsabilidade socioambiental quer dizer respeitar a vida, nas suas mais variadas necessidades. E, entre elas a cultura.

Sobre a ANA

A Agência Nacional de Águas (ANA) estimula a disseminação de informações sobre preservação e valorização da água na cultura brasileira por meio de diversas atividades institucionais. Criada em 17 de junho de 2000 pela Lei 9.984, a ANA é uma autarquia especial ligada ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) que tem por finalidade coordenar e implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), em articulação com integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Singreh), e regular os usos múltiplos dos recursos hídricos em rios da União.



Sobre o Festival do Minuto

O Festival do Minuto foi criado no Brasil, em 1991, e é hoje o maior festival de vídeos da América Latina. A partir do evento brasileiro, surgiram Festivais do Minuto em mais de 50 países, cada um com dinâmica e formato próprios. O acervo do festival inclui vídeos de inúmeros realizadores que hoje são conhecidos pela produção de longas-metragens, como os diretores Fernando Meirelles (Cidade de Deus, O Jardineiro Fiel), Beto Brant (O Invasor) e Tata Amaral (Um Céu de Estrelas, Antônia).