Das sete bacias hidrográficas que cortam o Distrito Federal, três apresentam pelo menos um afluente em situação crítica de escassez entre junho e outubro. Elas estão localizadas nos reservatórios do Rio Descoberto, São Bartolomeu e do Lago Paranoá. Em períodos de estiagem, a vazão concedida das bacias pode diminuir cerca de 50%. Intensos processos de assoreamento, crescimento desordenado da população e a extração irregular de águas subterrâneas e superficiais foram alguns dos principais fatores que contribuíram com a situação.
Os dados estão na primeira versão do Plano de Gerenciamento Integrado de Recursos Hídricos (PGIRH), que ainda passa pelo crivo da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa), e apontam a condição atual dos recursos hídricos locais.
O Rio Descoberto é o caso mais crítico quanto à disponibilidade hídrica. Atualmente, sua capacidade de vazão está 17% menor devido ao assoreamento. De junho a outubro há, respectivamente, apenas 14% e 6% de disponibilidade utilizada pela Adasa para a concessão de direito de uso por moradores – número insuficiente para a demanda. Ao longo dos três meses, 65% da população do DF que depende da bacia hidrográfica acaba afetada com a seca do Descoberto, que corta quatro regiões administrativas.
No Rio Paranoá, o caso do Ribeirão do Torto é crítico, pois nos meses de fevereiro e março há somente 20% e 1%, respectivamente, de disponibilidade hídrica concedida para uso. Em São Bartolomeu a falta de água já foi caso de conflitos entre agricultores e a Caesb. No Ribeirão Rodeador, por exemplo, a demanda supera a vazão, e no Ribeirão Pipiripau há somente 16%, 3% e 15% de disponibilidade hídrica outorgável entre julho, agosto e setembro.
Estimativas
O PGIRH também faz estimativas sobre as bacias de São Marcos e Rio Preto. Devido ao crescimento do setor agrícola na região, caso nenhuma medida seja tomada para gerenciar a irrigação, nos próximos 20 anos verifica-se um aumento entre 14,5 e 28,3 vezes no uso da água. Até 2040 os recursos hídricos podem ficar inacessíveis à demanda.
Segundo o coordenador de Regulação da Superintendência de Recursos Hídricos da Adasa, Pablo Serradourada, os dados apresentados pelo plano ainda estão sob análise, com previsão de serem entregues com as devidas correções ao Conselho de Recursos Hídricos até amanhã. “A expectativa é que em até 30 dias o plano seja aprovado, com o objetivo de regularizar a gestão dos recursos hídricos do DF e atuar nessas questões”, afirmou.
Fonte: Jornal de Brasília
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